terça-feira, maio 01, 2007


Então, a história aconteceu mais ou menos assim.
Ele encontrou um brinco e disse:
“Mamãe, cadê o oto lado do xeu binco?”
Ai eu respondi:
“Este é um brinco solitário meu filho, não tem outro lado”.
Parei pra pensar e me dei conta que uma criança de quatro anos não saberia o que é solitário, comecei a explicação e também parei para os questionamentos. Você já parou pra “entrevistar” uma criança? Pois é, deveria! As respostas são surpreendentes, engraçadas, angelicais, espontâneas, inocentes ...
Mas enfim: “Meu filho, solitário é quando é um só. Uma pessoa é solitária quando não tem ninguém, quando está sozinha. Entendeu?”

Ele: “Entendi mamãe!”

Eu: “Então me explica, Gabriel, o que é solitário?”

E ele sem pestanejar responde: “É quando uma pexoa ta xoginha e só com um binco de um lado da olelha, mãe”.

A risada foi inevitável, mas resolvi continuar: “Você sabe o que é o amor Gab?”

E ele: “Xei, é quando as pessoas tão apaixonadas, oras!”
(hum o que será que essa coisinha entende por estar apaixonado?)
Continuei: “Gabriel, o que é tristeza?”
Ele: “É quando a gente xóla”
(hum, muito boa sua definição)
Eu: “O que é felicidade?”
Ele: “Quando a gente ta feliz” (claaaaaaaroooo)
Eu: “E quando a gente ta feliz, meu filho?”
Ele: “Quando a gente ta juntinho mamãe!”
(nossa, como ele me faz feliz )
Continuei: “De que cor é a felicidade, Gabriel”
E ele muito depressa: “É vermelha mãe”
Muito bom, a felicidade dele é vermelha, da cor dos meus cabelos? Será que alguma coisa tem a ver com a outra, ou é muita pretensão da minha parte estar achando que ele associou a felicidade dele à cor dos meus cabelos? Não sei, sei que fiquei muito feliz!

As melhores respostas saem daquela boca criativa. E como fala esse pequenino. A bisa que o diga. Senta ao lado dele e fica horas ouvindo histórias sobre a última escalada que ele fez em montes imaginários vindos do fundo mais profundo da sua mente. Ela não se cansa de ouvir como ele matou a onça que estava rondando o quintal outro dia ou como ele ficou com vergonha quando pulou no rio e ficou sem calças. É, este é o Gabriel. E como gosta de inventar histórias! Bom, tem a quem puxar, eu sou a viagem em pessoa.
Eu costumo dizer que o meu filho Gabriel é do jeitinho que eu queria que ele fosse, mas eu nunca esperei que realmente pudesse ser tudo isso. E ele é mais, é mais que tudo isso. É ele quem levanta meu astral e o único que consegue reparar que cortei o cabelo, ou mudei a cor do batom.

Ele cuida das minhas coisas, me dá colo, faz cafuné, dá beijinho de apaixonado e é meu parceiro pra qualquer momento. E tem tantas coisas que ainda quero fazer junto dele.
Quero estar do lado na primeira vez que viajar de avião, ou quando aqueles olhinhos virem a imensidão do mar pela primeira vez. E isso é promessa já, sacramentada. Assim que a mamãe tiver férias, vamos viajar. Ainda não sei onde vai ser, mas vamos salgar a bundinha do Gab no mar, aaaa vamos sim!

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